quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Morte Lenta do Proletário-Soldado




As elites dromocráticas prezam a mobilidade acima de tudo, porque sabem que dominar significa poder-invadir e ocupar uma posição dominante, os que as leva a buscar próteses cada vez mais sofisticadas. Laymert Garcia dos Santos.
    Os contingentes militares modernos continuam sendo mantidos em prontidão permanente, mesmo em tempos de paz. Essa característica, como já foi apresentada em outros textos, envolve o processo de profissionalização inerente ao sistema capitalista desde sua fase industrial ao final do séc.XVIII. No capitalismo tudo se transformou em profissão, e isso inclui o soldado. Arregimentados da classe trabalhadora e camponesa, os soldados se tornaram proletáriados-soldados, sendo indispensáveis aos interesses do grande capital. Vários milhões de militares estão em prontidão permanente, nesse momento, em todo o mundo. Os conflitos armados localizados, em todo o mundo, matam um grande numero de combatentes todos os dias. Hoje todas as guerras estão ocorrendo na periferia do planeta, e algumas delas ocorrem em áreas de interesses estratégicos do capital neoliberal a exemplo, como referimos no texto anterior, do conflito na Síria. Sem dúvida que os militares são elementos necessários a proteção dos interesses do grande capital e da democracia perversa. No entanto, esse cenário de presença indispensável dos soldados, tende a mudar de forma gradual e lenta.
   Os aparatos tecnológicos de destruição e morte esbanjam sofisticação interrupta e acenam para novos cenários onde a automação tende a substituir um numero cada vez maior de proletário-soldados. Assim como ocorre nos sistemas produtivos atuais, como na indústria e a agroindústria, os sistemas tecnológicos estão ocupando o lugar do profissional soldado. O advento das armas convencionais sofisticadas guiadas a lazer, as ‘’Bombas inteligentes’’ utilizadas desde os últimos anos da Guerra do Vietnã (1965-1975) acenaram a essa tendência rápida dos aperfeiçoamentos tecnológicos da máquina de guerra atual, ou seja, substituir os trabalhos de um número crescente de profissionais da guerra. O filosofo Paul Virilio destaca esse aperfeiçoamento como sendo próprio do exercício da superioridade pela velocidade em ocupar, invadir e destruir o que concede poder aos que a possui. O exemplo pratico do ‘’dispare e esqueça’’ dos mísseis Exocet, utilizados com enorme êxito pelos argentinos contra os ingleses na Guerra das Malvinas (1982), não sendo necessário nem se observar o alvo, basta disparar a arma e voltar para a base. (VIRILIO, LOTRINGER, 1984, p. 21-29).
   As invasões do Afeganistão e do Iraque colocaram em evidência o grande poder das armas tecnológicas, mas que não foram suficientes para controlar e submeter às populações locais. No entanto, toda essa sofisticação mantém a supremacia da máquina de guerra sobre a política e, também, sobre o próprio militar. Os Drones são equipamentos aéreos não tripulados a muito utilizados com o propósito de espionagem e reconhecimento, empregados com sucesso desde a invasão do Líbano por Israel em 1982. Agora esses mesmos equipamentos foram aperfeiçoados para realizar missões de ataques contra alvos e estão sendo largamente utilizados no Afeganistão e Paquistão. Essa nova atividade revela os novos planos do pentágono para a construção de equipamentos inteligentes para atuar no lugar dos soldados. Isso inclui altos investimentos em robótica, cibernética e nanotecnologia. Tudo indica que, em um futuro próximo, guerras e invasões poderão ser conduzidos com um numero muito maior de máquinas ou, a longo prazo, apenas por maquinas. A vantagem é que maquinas não contestam, não sangram e não possuem famílias, sendo então muito mais favoráveis aos interesses e arbítrios dos atores hegemônicos representados pelas grandes corporações.
   A própria profissão do soldado esta para ser lentamente reduzida a níveis muito menores, e as novas armas passarão a conduzir o poder do grande capital. As evidências desse processo são muitas e acenam para uma nova tendência que direcionam a humanidade a um novo ritmo já controlado pela eletrônica e pelas máquinas. Essa racionalidade instrumental, cada vez mais presente, engessa as possibilidades da superação da guerra como recurso e nos denunciam novos modelos de dominação, o que poderá propiciar novos horrores futuros, como os que assistimos hoje. E o proletário-soldado? Qual é o seu futuro? Como afirma Paul Virilio: Não sou anti-militarista, o anti é racista, pois o militar é um homem, não podemos ser contra o homem. O proletariado-operário e o proletariado-soldado é a mesma coisa. O que devemos ser contra é a essência da guerra na tecnologia. Sou contra a máquina de guerra que escapa do político (VIRILIO, LOTRINGER, 1984, p. 21-29). Se no capitalismo somos todos profissionais, então somos também soldados civis sem querer e sem saber. Podemos então lutar por interesses comuns e buscar um novo sentido para a humanidade. Para isso ocorrer devemos reconhecer a ‘’classe militar’’ que atua por trás da máquina de guerra, pois a única arma que temos é o esclarecimento a todos, essa questão ainda estudaremos em outros textos.

Referências:
-LOTRINGER, SYLVERE;VIRILIO, PAUL. Guerra Pura. A militarização do Cotidiano. Editora Brasiliense. São Paulo. 157p.1984.
- VIRILIO,PAUL. Velocidade e Política. Editora Estação Liberdade. São Paulo, 138p,1996.
- Foto :
    

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